domingo, 10 de março de 2013

    
     Iolanda Costa



 




antese
 
 
 

 
Sempre sonhava com palavras e imagens estáticas, como numa fotografia. Numa madrugada de março do ano de 2003, quando Clara já havia partido, apareceu um vaso, turvo e profundo e estilhaçado. Um útero, talvez, libertando-me de novas crias, fazendo-me lembrar da mulher e da poesia que ainda permaneciam. Acordei com a palavra antese escrevida na minha boca, bem no palato, quase cheia de pétalas...  

 
 
a flor, sempre prolífera
reinventa outras funções.
o fundo, o fátuo
o escuro vaso
guarda o estardalhaço
das antigas reproduções.
o rosto da mulher se ilumina.
dentro da madrugada
um olhar de fada encanta.
                        (Do livro Poemas Sem Nenhum Cuidado, 2006.)

                  

2 comentários:

  1. "o escuro vaso
    guarda o estardalhaço" versos preciosos, musicais e traz a ideia de recomeço.

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  2. Sempre sonhava com palavras e imagens estáticas, como sendo uma fotografia. Numa madrugada de março do ano de 2003, quando Clara já havia partido, apareceu um vaso, turvo e profundo e estilhaçado. Um útero, talvez, libertando-me de novas crias, fazendo-me lembrar da mulher e da poesia que ainda permaneciam. Acordei com a palavra antese escrevida na minha boca, bem no palato, quase cheia de pétalas...

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