Iolanda Costa
antese
Sempre sonhava com palavras e imagens estáticas, como numa fotografia. Numa madrugada de março do ano de 2003, quando Clara já havia partido, apareceu um vaso, turvo e profundo e estilhaçado. Um útero, talvez, libertando-me de novas crias, fazendo-me lembrar da mulher e da poesia que ainda permaneciam. Acordei com a palavra antese escrevida na minha boca, bem no palato, quase cheia de pétalas...
a flor, sempre prolífera
reinventa outras funções.
o fundo, o fátuo
o escuro vaso
guarda o estardalhaço
das antigas reproduções.
o rosto da mulher se ilumina.
dentro da madrugada
um olhar de fada encanta.
(Do livro Poemas Sem Nenhum Cuidado, 2006.)reinventa outras funções.
o fundo, o fátuo
o escuro vaso
guarda o estardalhaço
das antigas reproduções.
o rosto da mulher se ilumina.
dentro da madrugada
um olhar de fada encanta.
"o escuro vaso
ResponderExcluirguarda o estardalhaço" versos preciosos, musicais e traz a ideia de recomeço.
Sempre sonhava com palavras e imagens estáticas, como sendo uma fotografia. Numa madrugada de março do ano de 2003, quando Clara já havia partido, apareceu um vaso, turvo e profundo e estilhaçado. Um útero, talvez, libertando-me de novas crias, fazendo-me lembrar da mulher e da poesia que ainda permaneciam. Acordei com a palavra antese escrevida na minha boca, bem no palato, quase cheia de pétalas...
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