FUNERAL DO AMOR
Rita Santana
Amo a imagem que resta.
O sol abençoa as palavras fragmentadas,
Os cacos, o picadinho de sonho,
A luz que sobra do acaso.
Amo a penumbra do fogo,
As cinzas vivas dessa brasa morta,
Os discos arranhados pelas unhas do tempo,
Os tormentos hoje largados à poeira.
Amo a maneira de um adeus,
A ilusão da permanente amizade,
E a agudeza das lágrimas póstumas.
Amo a marca da despedida,
Esse gosto amargo do que não mais virá,
Essa maneira fresca de sentir dor,
Esse sossego atento,
Essa paz fingida.
Amo o funeral sentimental do amor
E suas nuances turbulentas.
Foto: Edgard Navarro/ Imbassaí-Ba.
O amor parece-me nunca acaba em calmarias,e sempre uma dor, mesmo o amor esgotado, fracassado, dói ao ser rasgado.
ResponderExcluirEu também amo o funeral do amor. Todos, TODOS - exceto os meus...
ResponderExcluirAmo mesmo é a sua poesia!
Beijos
P.S.: Queria lhe fazer um convite, mas não por aqui. Não consegui acessar o seu email. Me dê um toque: ac.zamagna@gmail.com (É URGENTE!)