segunda-feira, 16 de maio de 2011













 FUNERAL DO AMOR
Rita Santana



Amo a imagem que resta.
O sol abençoa as palavras fragmentadas,
Os cacos, o picadinho de sonho,
A luz que sobra do acaso.
Amo a penumbra do fogo,
As cinzas vivas dessa brasa morta,
Os discos arranhados pelas unhas do tempo,
Os tormentos hoje largados à poeira.

Amo a maneira de um adeus,
A ilusão da permanente amizade,
E a agudeza das lágrimas póstumas.

Amo a marca da despedida,
Esse gosto amargo do que não mais virá,
Essa maneira fresca de sentir dor,
Esse sossego atento,
Essa paz fingida.

Amo o funeral sentimental do amor
E suas nuances turbulentas.


  

Foto: Edgard Navarro/ Imbassaí-Ba.


2 comentários:

  1. O amor parece-me nunca acaba em calmarias,e sempre uma dor, mesmo o amor esgotado, fracassado, dói ao ser rasgado.

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  2. Eu também amo o funeral do amor. Todos, TODOS - exceto os meus...

    Amo mesmo é a sua poesia!

    Beijos

    P.S.: Queria lhe fazer um convite, mas não por aqui. Não consegui acessar o seu email. Me dê um toque: ac.zamagna@gmail.com (É URGENTE!)

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