quinta-feira, 7 de março de 2013


ELVIRA FOEPPEL







Egoísmo
Elvira Foeppel


Egoísmo que circula em minhas veias,
Caminha pelas partes do meu corpo
E prende-se a todos os milésimos de átomos
Que adicionados oferecem meu ser
Aos olhos da vida,
Por que impede que minha vontade
Corra em busca dos humildes?
Egoísmo que se espalha pelos meus braços
Que salpica minhas mãos
Que tolhe minhas pernas
E que paralisa meus pés,
Por que anestesia meus músculos
Para os gestos bons ao alcance dos que sofrem
Por que se perde em mergulhos
Para dentro dos meus olhos
Cobrindo-os de trevas espessas
Para a percepção das múltiplas misérias
Que passeiam sozinhas nos espaços?
Por que em sons espiralados
Enrola-se ao redor dos meus ouvidos
Impedindo que as vozes boas
Recolhidas de todos os antros
Trepidem com ressonância?
Por que se cola assim em minha boca
E se enrosca pela minha língua
Retendo palavras que consolam
E frases que perdoam?
Por que se desenrola
E se multiplica pelo meu cérebro
Atraiçoando meu pensamento
Com falsas miragens?
Este egoísmo que traz cegueira para os meus olhos
Que adormece meus músculos
Para a força da vida
Que orienta meus gestos
Para o individualismo pujante
Que emudece meus lábios
E cobre-me de silêncio
E que impede que meus ouvidos
Escutem a beleza dos sons
Impregna todo meu corpo
E, sobe em essência ao meu espírito.
Espero a total e perfeita libertação
Para que minha matéria, mais humilde
E abandonada à Verdade
Seja dona do absoluto Equilíbrio.













Medo...
Elvira Foeppel


Este medo que me consome
Que machuca minhas carnes
Que tritura meu espírito em angústias eternas
Que se dilui pelo meu sangue impetuoso de remotes nativos

E que perturba minha Ideia
Libertada já da minha forma modelada
Está em mim desde a minha Formação
Medo que nasceu comigo
E que tem vida eterna em minha matéria.

Tenho medo que minha sensibilidade aguda
Experimente o sabor de todos os pecados
Esquisitamente deleitada e esquecida do Bem
Que meus sentidos despertos e vivos
Colham a embriaguez de todos os vícios
Estranhamente mudos para a grandeza infindável de Deus

Tenho medo que meu espírito insatisfeito
Recolha para o âmbito estreito de sua esfera
Todos aqueles males que ainda em mim não existem

Para que uma miséria maior
Desça sobre mim.
Este terror imenso que desde o meu princípio
Martiriza impiedoso as minhas formas
Geradas no amor
Se agarra a mim como boca sedenta de beijos
Terror de que eu persista nos meus erros
Prazerosamente
E que minha vontade insubmissa
Perdidamente me arraste
Para misteriosas e profundas sensações
Dos prazeres mil que trazem
Meu corpo prisioneiro.
Medo que as paixões ébrias do meu instinto
Emudeçam meu espírito marcado
Simultaneamente por todos os desejos vãos
Horror de que minha consciência
Indiferentemente
Não grite aos brados
Contra a arrogância veemente da minha carne que clama por amor
E olhando largamente o mundo
Eu me assombro
Vejo trevas e mais trevas rodeando o meu espírito
que cego se perde, tateando às escuras
Inquietamente.
Corro em busca de Luz
que disperse sombras
E varra do meu interior a escuridão
Para que com a claridade completa da minha razão
Eu me encontre em mim mesma.



 



 


O teu reflexo
Elvira Foeppel

 


Não ...Eu não sei se te amo
Nem sei se te adoro,
Não sei mesmo se algum dia já te quis ...
Sim ... sim que a beleza desumana e excessiva
De teus olhos que espalham volúpia
Acordou inteligentemente os meus sentidos entendidos
E mergulhou profundamente na minha alma cativa de mistérios

Não ... Eu não sei se te admiro
Nem sei se te desejo,
Não sei mesmo se és para mim, indiferente ...
Sei ... sim que a inquietude irreverente de tuas mãos
Profundamente longas, extraordinariamente sensíveis
Roubou a calma solene das minhas,
Esquisitamente inertes
Fazendo-as frementes e convulsas.
Sei ... sim que a avidez chocante de teus lábios contraídos e mudos
Exasperou febril a minha boca sem sorrisos e desejos
Que a máscara fria e esquecida de tua impassibilidade
Fascinou o meu espírito em vigília.
Sei ... sim que em meu ser o desespero das tempestades
Se agita em tumulto
Em ânsias as mais variadas,
E que pelo meu corpo, em momentos outros
Uma displicência inexplicável
Se estende horizontalmente por sobre meu ser
Rígido, de membros gelados e inertes ...
Será amor? Será desejo? Ou será ódio?
Será mesmo indiferença? ou será paixão?
Não ... Eu não sei ...
O que eu sei é que cada célula minha
Acusa o fluxo e refluxo de todas as sensações
Que em cada partícula de molécula
Se desenrola incessantemente
Uma escala progressiva de sentimentos vários.
Nos teus gestos incontidos e nos teus nervos superexcitados
Como em anúncios luminosos
Eu leio todas as paixões
Que o instinto e o espírito alimentam
E o teu rosto esquisitamente imutável
Espelha de contínuo
Todas as emoções que não se definem
Ampliadas e renovadas a cada instante.
E eu sinto ... sim ... que sou o teu reflexo
Por isso ... eu não sei se te amo ...
Nem se te adoro, não sei ao menos se te desejo
Não sei se te odeio ou se te desprezo ou se te quero
Não sei mesmo se és para mim, indiferente
Só sinto ... sim, que por todo meu corpo
E por todo meu espírito
Se gravam em caracteres de fogo
Todos os sentimentos, todas as paixões tuas
Que se refletem de inopino em mim
Como luzes vivas batidas fortemente em espelho de cristal.

E por isso ... eu nada sei ...
E tudo sei ...
Sim ... eu sou o teu reflexo.


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