sábado, 18 de fevereiro de 2012






  

 


PORCELANATO 
 Rita Santana





Vejo cobiça em teus olhos
Pra moça de outro império.
Minha empresa é apresentar-te
Meu arco mago.
Sei dos primórdios deste encanto. 
E, desde lá, observo as marcas,
As fendas deixadas nas esteiras,
Prosseguir de procelas em máscaras,
Aspereza brusca de tardia espera.
Enquanto o mármore do meu mistério
Oculta sapiências, suspeitas de seitas novas
Pro teu altar de Deus infecundo.

Acaso não sabes que tudo sei?
Saber sem provas, sem féculas,
Bulbo submerso em certezas vãs.

Acaso não sabes da minha demanda sacra
De ser tudo na tua omoplata,
De ser o teu maior milagre, tua rampa, tua escada,
Teu chão sempre firme?

Pois bem, alicerço forças, iras e contratos íntimos
Para delatar teus flancos aos abutres,
À covardia dos corvos azuis.
Ao exangue porcelanato das unhas que trago,
Ferindo muralhas.




 Foto: Rita Santana/Itaparica.



2 comentários:

  1. Olá!
    É um grande prazer conhecer seu blog e poder ler o que escreves.
    Acredito que quando escrevemos com prazer conquistamos amigos e fiéis amantes das palavras. Sabemos o quanto é difícil levar a nossa voz, as nossas angustias os nossos sonhos às pessoas. Mas o mais importante é saber que você e eu gostamos daquilo que fazemos.E acreditamos que o mundo pode se tornar bem melhor através de nossos escritos.
    Grande abraço
    Se cuida

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, querida! Visitei o seu blog e vi o papel da palavra na sua vida. É isso mesmo! Escrever nos salva pra caramba! Um abraço!

    ResponderExcluir