terça-feira, 22 de novembro de 2011

LANDE ONAWALE - Lançamento: "KALUNGA - poemas de um mar sem fim"


 

 

KALUNGA


A memória do mar me atravessa...
está cravada em mim
como os ferros da grande árvore inesquecível,
são meus poros,
são as voltas da muzenza contornando os cemitérios
- e, é claro, são mistérios.

As ondas que me fazem deixam pegadas belas e profundas
entre o mar de Luanda e os meus olhos de poeta...
mas vejo crustáceos perigosos
nas pedras que calçam meu passado,
vejo tubarões famintos rodando praias abissais.

Há, sim, densas névoas sopradas pelo oceano...
e nestas brumas vem uma revolta!...
a vontade de matar ou morrer por um ar mais puro
(uma paz)
por uma família, um amor.

Balança o mar... balança numa jinga interminável
das florestas de Matamba aos serrados dos brasis.
Balança o mar... balança numa dança incansável com o futuro
(exercício da destreza necessária).
Balança o mar... balança...
é o colo de Kayala que me embala,
são os braços da Kyanda
- onde entrego minhas forças pra sair tão renovado!

Eu tive sentidos guardados
que se quis afogar em sal e esquecimento...
pois emergiram preservados  sob as bênçãos da Mameeto
ofegantes, corajosos, vigilantes.
Preferi o risco da dijina
a navegar pelo tempo sem lembrar de mim...

Ah! Pude, então, dançar cabula,
evocar minha cabinda,
recriar minha bassula, semba, candombe, mandinga!
 
...as águas me perpetuam...
nelas, o tempo murmura
- verdades translúcidas, olhos umedecidos.
...a diáspora são ouvidos atentos
e o Atlântico, um eterno gunga,
Kalunga

LANDE ONAWALE - Lançamento: "KALUNGA - poemas de um mar sem fim"

TÍTULO: KALUNGA - poemas de um mar sem fim | poems of an infinite sea"

DATA: DIA 28/11/2011      -      HORA: 17H

LOCAL: BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO - BARRIS


Foto do Baobá: Chico Carneiro

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