domingo, 20 de fevereiro de 2011

BAGAGEM DE ADÉLIA
Rita Santana

Diante de mim, a Bagagem de Adélia.
E, ao modo da pimenta batida em pilão,
Ardia a minha saudade dela.
Dos brados de suas janelas,
A madeira do tempo, rachada,
Abria fendas em oferendas de amor pisado.



O amor de Adélia é primo carnal
Do meu amor de sabatinas antigas
E preces precisas de loucura.



A Bagagem de Adélia
Leva o Antônio que é meu,
E que também não permanece.



Adélia carrega nas mãos a menina,
A cruz e a espinha dorsal curvada,
Querendo lamber a terra,
Arrastar-se na insistência
Do amor de pedra, lama,
E violinos.

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