quarta-feira, 15 de dezembro de 2010













                                                    ORFANDADE
                                                                  Rita Santana



A condição humana é de uma orfandade sem limites!
Eu sou filha de Lilith,
Tenho acordos sentimentais com os demônios,
Estou sempre a cair do inferno dantesco,
Estou sempre a beijar, sou a mulher do Beijo.
Sou ridícula, sou de Calais!
Quero do poeta o mundo, musa torpe, eu sou.
Doa-me instantezinhos de merda.
Sou Camille.
Socorra-me!
Meu Rodin roda, roda,
Modelando corpos, culpas, covardia.
Tenho açoites na língua, salivas no sexo,
Meus protestos são insanos.
Sou confusa musa de ônix,
E vivo de guardar na memória formas,
Veias.
Impressiono o mundo com o pé que minha mão constrói
Mas dói demais ser intensa,
Ser chama,
Viro fumaça.
Ando virando fumaça qualquer.
Contorcida massa, desvirtuo destinos e sucumbo ao céu.
Toda torta.
Faça-me!







Foto: Henrique Andrade
Modelo: Rita Santana 
Poema do livro Tratado das Veias




 



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