ABISMOS
Rita Santana
Abismo o teu nome no meu corpo inteiro.
Traço toda a devassa futura e,
Num ritmo de outono e noite,
Decido dizer-te arrogâncias.
Mas o brejo sobe à alma e digo apenas: te amo, querido.
Como se pudesse dizê-lo, assim, à mesa,
Fritando ovos para deitar no pão.
Como se pudesse fazê-lo homem meu,
Diante de copos e xícaras.
Abismo tua casca de ovo partida sobre
As nossas sementes de maracujá,
Nossos talheres brilhantes.
Minha pele coberta com tuas digitais vagaluminosas,
Tua pele umedecida com meus licores lúbricos.
Eu, tomate sem casca sobre a pia,
Pensando em tua escova de dente vencida.
Abismo o teu nome na minha veia,
Singrando meu veneno-tejo,
Meu Cachoeira morto.
Eu, rio de vias tuas.
Tu, cio de minhas veias.
Abissais.
Pura ebulição!
ResponderExcluir"meu cachoeira morto" é de uma serenidade invejável.
ResponderExcluirque poema porreta, Rita.
ResponderExcluirE que bela foto.
Olha, desejo q vc prossiga, por todos os anos de sua vida, temperando as palavras com essa pimenteira toda.
abraços fraternos e sinceros e um viva
aos seus poemas vermelhos
PS: já aprendi a postar vts(sou um zero à esquerda em tecno)
Daniel, obrigada! Você é um artista intenso, múltiplo, e talvez a serenidade esteja, de fato, no seu olhar. Beijos! Rita
ResponderExcluirNeuza, tirei essa foto porque estava completamente apaixonada por minha pimenteira na sua primeira e única floração. Pouco tempo depois ela morreu para a minha mais completa tristeza.
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