domingo, 21 de novembro de 2010

Poema do Tratado das Veias




                                  Confissão
                                         "Eu não creio em sonhos"
                                                                     (José de Anchieta)


 Rita Santana




Eu creio em sonhos, Padre.
Rezo o Credo olhando pras telhas,
E lá mesmo fico.
Sou matéria barro de querer impossibilidades,
Trago um marido debaixo das saias,
Um marido alado, azul, lindo!
Quando quero, ele bate as asas
E apaga incêndio - é um anjo de luzes!
Meus ofertórios matinais são dele.
Amantes me cercam de ofícios:
Toadas à janela, flores a cada dia, alianças e promessas,
E um eu-te-amo em cada beijo, muitos os são.
Não digo mais porque não posso, é pecado!

Eu creio em sonhos, Padre!
Vede que sou feliz.
Meu noivo nem sabe da minha espera,
Habita águas claras, rios pequenos, conchas.
À noite eu voo,
Visito cidades, beijo velhos desconhecidos,
E amanheço nua de tantas vontades.
Eu creio em sonhos, sim!
Amém!





2 comentários:

  1. Eu creio em versos. E os seus são lindos.
    Te amo, minha irmã.
    Bjs. Ester

    ResponderExcluir
  2. Tão bom esse poema, Ritinha! Tem o seu ritmo. Bjo, querida!

    ResponderExcluir