Crivada
de falas
Marize
Castro
Crivada de falas, a poeta
fala. Uma poesia secreta, abismada. Uma poesia vital, antiga. Em Rita Santana
tudo (ou quase tudo) é ancestral, remoto. Há dor em Rita? Sim, mas uma dor na
qual o mistério da alegria também se revela. Nos versos de Rita “há um bater de
portas na Escuridão”, mas também há uma forte claridade onde tudo há de entrar:
macho, fêmea, sombra, sol, constelações, nostalgia. Sim, há um desejo de
passado nesta poesia. Aqui tudo é vã e essencial – como é a própria vida que
vivemos entre epifanias e alcovas comuns!
Eis uma mulher que ama e que
se liberta para amar mais e mais. Mulher-deserto, mulher-multidão, Rita Santana
tece versos na mais completa liberdade, pois (acredito!) poeta aprisionado não existe.
Os poemas
entrelaçam-se compondo esta obra em que gozos e adagas confrontam-se. O título
– Alforrias – anuncia todos eles e os
contempla. Observo Rita seduzindo as palavras, servindo e sendo servida,
cantando seu pranto doce de escriba, cercada de mitos e de verdade. Encanto-me
com a fortaleza e fragilidade desta mulher, desta “égua bravia” em que “o tempo
descansa sua Lança/e o seu Cansaço”.
A poesia de Rita Santana dança, grita, sussurra. Permito-me
parodiar um dos seus versos: Cá estou na abismação de cada poema. Sim, acredito
nesta poesia que sonha “com ânforas cheias de perfume do lótus”. Da vida
e da morte esta escrita surge, da vida e da morte esta escrita alforria-se.
Aqui, o divino ergue-se.
Orelha: Fátima Ribeiro
Prefácio: Lígia Telles
Projeto Gráfico e Capa: George Pellegrini
Editora: Editus
Prefácio: Lígia Telles
Projeto Gráfico e Capa: George Pellegrini
Editora: Editus
Tenho Tratado das Veias em meu coração. Mão Cheia me rouba as palavras. Aguardo Alforrias para libertar meus pensamentos. Aos deuses que hoje dormem por tantas eternidades, agradeço pelo diamante forjado no tempo. Ritinha, para você, pensamentos doces de rio e mar maiores que quaisquer palavras.
ResponderExcluirVocê é uma menina muito amada, talentosa e linda! Beijos!
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