domingo, 13 de novembro de 2011

Pablo Neruda: Cem Sonetos de Amor

  






Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o inifinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse 
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.



Cem Sonetos de Amor/Tradução: Carlos Nejar/pág. 56/3ª edição:1979/L & PM editores.
 Foto: Rita Santana/Anjos da Catedral de Brasília.


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