sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cruz e Sousa nasce em 24 de novembro de 1861: 150 anos do Poeta










SATANISMO
 Cruz e Sousa


Não me olhes assim, branca Arethusa,
Peregrina inspiração dos meus cantares;
Não me deixes a razão vagar confusa
Ao relâmpago ideal de teus olhares.

Não me olhes, oh! não, porquanto eu penso
Envolvido no luar das minhas cismas,
Que o olhar que me dardejas — doido, imenso
Tem a rápida explosão dos aneurismas.

Não me olhes. Oh! não, que o próprio inferno
Problemático, fatal, cálido, eterno,
Nos teus olhos, mulher, se foi cravar!...

Não me olhes, oh! não, que m'entolece
Tanta luz, tanto sol — e até parece
Que tens músicas cruéis dentro do olhar!...




Foto: Rita Santana



3 comentários:

  1. Rita, é muito importante mostrar a vida desses caras, desses homens negros do Brasil porque as pessoas não sabem quão valorosos foram e o quanto contribuíram para a cultura e história dessa terra. As pessoas pensam que sempre se taratavam de homens brancos, como foi dito lá na biblioteca central, porque suas figuras eram pintadas, retratadas como brancos, daí porque as pessoas não têm o conhecimento sobre as raças, porque o sistema tinha vergonha de apontá-los como pessoas inteligetes e de cultura singular, mesmo quando se tartava de pessoas que aprenderam cm a vida e não com a educação formal, exemplo disso Machado de Assis. Enfim... Sua contribuição é fundamental.
    Abraços, Alba.

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  2. Muito obrigada, Alba!Agora mesmo tivemos o caso da propaganda da Caixa que nem cheguei a ver. Mas o ator que representava Machado era branco, e a atriz que fazia a propaganda também. Protestos forçaram a mudança. Agora Ferreira Gullar aparece com um texto ridículo para negar a literatura negra, argumentando que Cruz e Souza e Machado tinham influências europeias. Quem não as teve naqueles tempos? Um absurdo! É só ler a obra desses autores para encontrar fortes marcas identitárias, mesmo que universais, do povo negro. Caso tenha algum texto sobre o poeta, algum estudo do seu núcelo de pesquisa, mande pra mim. Será uma alegria publicar aqui. A construção se faz assim, com discursos, olhares. Um beijo!

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  3. Rita, eu não tenho nenhum trabalho nessa área de escritores negros do Brasil. Não estou inserida em nenhum estudo do gênero. MInha vida está entre as escolas onde trabalho, as escritas de minhas crônicas, a manutençaão dos blogs, o trabalho de revisão de texto quando aparece, a expectativa do lançamento da antologia, a de tirar a carteira de motorista e a minha vida e da minha família.Parece pouco e até acho que é, mas né não, né? kakakakakaka... Abração, Alba.

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