sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Cem Sonetos de Amor











Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
em Taltal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações

tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos,
com todos confundidos, com homens e mulheres, 
com a terra que implanta e educa os cravos.





(Cem Sonetos de Amor/Tradução: Carlos Nejar/pág. 12/3ª edição:1979/L & PM editores )
 Foto:Rita Santana

2 comentários:

  1. Que bonito soneto!! Apesar de Jorge Luís Borges ter dito que Pablo Neruda era um poeta menor, como leitora acho que ele escreveu muitos poemas
    belíssimos, esse é um deles!!!

    beijoss

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  2. Cirandeira, considero Neruda um grande poeta. Sou completamente apaixonada por sua obra. De vez em quando, escuto dizerem que é um poeta menor. Não concordo! Não concordo também com os rótulos! A poesia só tem função quando toma algumas almas. O livro Cem Sonetos de Amor está comigo desde que eu tinha 12 anos. Foi presente de meu pai. Alguns sonetos de Neruda estão incrustados em mim. Fazem parte de mim, acompanharam meu crescimento. Resolvi publicar alguns desses sonetos bárbaros, de madeira porque hoje li o seu blog e vi Drummond nas suas As Sem Razões do Amor. Beijos,e que bom que você (tão exigente e sensível) também gosta.

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