segunda-feira, 26 de setembro de 2011













SACRIFÍCIO
 Rita Santana 


O perfume salienta um cheiro nobre.
E falo de nobreza d’alma, dessas inatas.
Santo Expedito ajuda-me nesta empreitada:
Quero olhos e ouvidos para o meu sol.
Assombrada de tantos nadas no Império,
Eu apenas quero fartura no realizável,
E um profundo corte nas veias para derramar
A minha sangria do incabível.
Quero minhas saliências vesgas,
Meus enfartos cotidianos,
Sulcos amaldiçoados da existência - TODAS.
Quero correr lavouras de algodão,
Tecido grosso cobrindo meu corpo negro,
Sossego de borboletas dormindo.
Quero nascer de novo em cada livro.
Gritos muitos até que chova,
Aragem faça-se,
E a minha coragem se ouça.
Lanço-me aqui, diante da crença do dia.
Em verdade, irada!
Em verdade, moça de ontem.
Em verdade, eu poeta, em verdade.
Poeira, aceita-me viva.




 Fotos: Rita Santana/Flores do Colégio Bartolomeu de Gusmão/setembro/2011.










2 comentários:

  1. Pó se tornarão, mas pó enamorado.
    Francisco de Quevedo

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  2. Você me arrebata Rita, porque sinto que é de pele e de carne essa sua voz.

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