O Sol de Setembro
Rita Santana
O Sol de 23 de setembro acordou-me.
Era bola de fogo laranja a dizer: acorda!
Meus olhos só viam o Sol e o Sol e o Sol.
Era o princípio de um caminho se encontrando
E a vida em berros: acorda, acorda e acordes de Strauss
Redobrando os sinos em aleluias matinais.
Nunca mais fui igual.
Foi o Sol de setembro inaugurando um porto de sonhos.
A rotina tornou-se menos penosa.
Imperava na natureza o orgulho azulado do céu-laranja
A gritar o nascer violeta do Sol.
Obedeci apenas!
Como uma mulher de 34 desperta sem grandes ilusões,
Só tive tempo para sorrir e beijar o meu dia de amarelo
Beijar os meus dias com o Presente.
Deveria ter lançado gritos de alvoroço
Para o espetáculo daquela Hora.
Amanhecíamos o Sol e Eu, amantes de um dia.
Juntos em manifesto da Aurora.
Leoa e Astro em sintonia.
A passarinhada straussando de Vilas
Uma pianada de Chiquinhas.
Hoje eu sei:
Todas as manhãs do mundo,
Agora, eram minhas.
Foto: Edgard Navarro/Lençóis-BA.
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