domingo, 26 de junho de 2011












 
PORCELANATO
 Rita Santana



Vejo cobiça em teus olhos 
Pra moça de outro Império.
Minha empresa é apresentar-te
Meu arco mago. 
Sei dos primórdios deste encanto
E, desde lá, observo as marcas,
As fendas deixadas nas esteiras,
Prosseguir de procelas em máscaras,
Aspereza brusca de tardia espera.
Enquanto o mármore do meu mistério
Oculta sapiências, suspeitas de seitas novas
Pro teu altar de Deus infecundo.

Acaso não sabes que tudo sei?
Saber sem provas, sem féculas,
Bulbo submerso em certezas vãs.

Acaso não sabes da minha demanda sacra
De ser tudo na tua omoplata,
De ser o teu maior milagre, tua rampa, tua escada,
Teu chão sempre firme?

Pois bem! Alicerço forças, iras e contratos íntimos
Para delatar teus flancos aos abutres,
À covardia dos corvos azuis.
Ao exangue porcelanato das unhas que trago,
Ferindo muralhas.



 Foto: Edgard Navarro/ Maranhão/A Casa de Nhozinho.

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