quinta-feira, 31 de março de 2011


 

 

PERENIDADE SÚBITA

 Rita Santana


Da minha janela,
Vejo o velho amor
Virar chuva
E escorrer
Pelos córregos do vento.


O velho amor
Criou barbatanas grisalhas,
Nadou por outras águas,
Sobre as quais minhas moléculas
Não desabaram.
Por doces águas,
O velho amor
Mergulhou seu semblante emblemático.


Minha imagem
Desfez-se no turbilhão
Desses mares, desses rios.
O velho amor, nunca mais.







4 comentários:

  1. Bonito falar assim de um "velho amor", com a serenidade e beleza próprias das águas...

    beijos

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  2. poema porreta, arretado, da molesta! (ainda se fala essas coisas aí por cima?)

    desceu suave e digestivo feito canja.
    logo depois, bateu uma chuvarada forte aqui e, quando fui fechar as portas da varanda, um vento fino e ágil feito um córrego me entrou por todos os poros dos olhos, queimando que nem malagueta baiana.

    momentaneamente cego, não pude saber se foi coisa do velho amor seu ou de um meu ou o de algum vizinho que veio assombrar a casa errada.

    beijos

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  3. Cirandeira, quando o amor é morto e se dilui nas águas do tempo, tudo fica distante e adquire a serenidade das águas. O eu-lírico deve saber disso (de alguma forma). Beijos gratos!

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  4. Querido Wilden, a variedade linguística no Brasil é muito ampla. Por essas bandas da Bahia, nunca ouvi nenhum arretado, falamos retado. Nunca ouvi da molesta (somente nas novelas da globo). Essas variedades devem ser encontradas em outras áreas do Nordeste, quem sabe em algumas cidades da Bahia. Por falar nisso.... Adoniran com o seu Arnesto, dão um show sobre variedades. Um brinde às diferenças!Quanto à passagem do vento e da chuvarada, eu adorei!!!!!!!!! Certamente foi o seu velho amor, meu querido! Acordado pelo poema. Vá saber. Beijos afetuosos!

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