terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


                                  




                                    VIOLINO
                                                    Rita Santana


Mozart, acompanha-me na empreitada dos versos.
Sou um violino em delírio de cordas,
Madeira em brasa.
Presa, no queixo do meu instrumento humano,
Meu executor, indiferente ao meu querer dançar.
Quero dançar, Mozart!
Quero coreografias novas.

Sou um violino novo, cheio de lenha verde,
Cortado antes do tempo,
Por isso as rachaduras, as distorções.
Comprado para servir a grandes salões,
Quando desejo cabarés franceses,
Bordéis, bares, ruas, becos, esquinas.
Sou um violino popular, Senhor!

Sou um violino torto,
Afeiçoado aos violões amadores,
Aos tamborins discretos,
Às violas chorosas,
E às caixas de fósforos encostadas ao peito
Dos boêmios.
Sou dos excessos!

Mozart, conserta-me,
Ou senão, faça um concerto
Para a orgia desejada por um impostor da orquestra sinfônica.
Quero livrar-me das minhas ilhargas,
Abandonar minha pobre alma que vibra sem fibra.
Largar ao espaço o cavalete, as cordas.
Acordar num corpo livre, solto.
Chega de cravelhas ríspidas!
Chega de ouvidos distintos!
Quero pular corda e dançar.




Um comentário:

  1. acordar
    pular corda e dançar
    e dane-se o regente
    vamos em movimento
    fora do tempo

    bjs, Ritaaaaa!!!

    ResponderExcluir