quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

 

 

 

 

ANJOS NEGROS

(Rita Santana)

 

Arrasto as minhas asas
Pra anjos negros
Que vivem à margem do paraíso.
Sem risos fáceis, chupando groselhas verdes,
E pitangas maduras.

Trazem silêncio no sexo exposto,
Nervoso de esperas.
Querem audiências pra novos indultos.
São anjos cultos, sarcásticos, sacros somente nos altares.
Nas minhas asas são libertinos, vorazes.
E eu, filha de Safo, gosto muito.

Arrasto as minhas asas.
Depois, corto nos dentes o lado alado de um anjo,
E levo meu querubim pros meus infernos pessoais.
Boto lenha na fogueira, mastigo alhos.
E o anjo, que está em liberdade condicional,
Comunga comigo o meu leito de mulher eleita,
Reparte o pão comigo, divide o teto,
E depois, asa crescida, volta aos perdões duradouros do Reino.
Digo amém e sacudo as asas pra outro voo.





3 comentários:

  1. Rita com anjos da cor mais abundante no cosmos.

    ResponderExcluir
  2. Rita sacrílega, libertina, arrastando os anjos todos pra rituais orgiásticos no mundo de Baco. Amém!

    ResponderExcluir
  3. Vou aqui ficar babando poesia,até sinto minha negritude latente porque somos lindos.

    ResponderExcluir