Estou sem fé em mim mesma.
As bocas estampam manchetes de resistência.
Rita Santana
Há barulho de água escorrendo de outras janelas
E a solidão envelhece o meu querer tão grande
Anoto em panfletos de perfumes o seu nome
Modo de simpatia e afinidades com o povo
E suas crenças em ciganas
Que ofertam pulseiras
E dentes vazios
Moro entre feirantes e mijo noturno de vigias
Vejo o mar no meu rumo
Lembro de noites com brindes e casas abandonadas
Mortes me acompanham, enquanto helicópteros
Sobrevoam pontes e naufragam no trânsito da capital
Livros e o próprio Louvre se embaralham na pequena estante
Decidi ser grande como os demais
Juntar dinheiro para casa, carro, roupas...
Outro dia lembrei-me de beijos, asfaltos
E uma lua cheia
O efeito da voz amada que atravessa distâncias
E ainda assim, traz impaciências e volumes de mesmices
E acontecimentos de folhetins
Um navio vermelho invade o meu quarto
E penetra em minha emoção porque todo Navio
É um rio de desejos escorrendo pelo corredor do edifício
Banhando passageiros e aveludados transeuntes.
Foto: Rita Santana
ô, mulher, que solidão envelhecendo, há quantos milênios, esse querer tão grande!
ResponderExcluirNão há simpatia ou morte, não há livro que relate a saga desse Navio Vermelho, Rita.
E você com seu rio de poesia aveludando as pedras. Que seja bendita, querida Rita!
Ah como é bom viajar na poesia de Rita!
ResponderExcluirComo sempre, a poeta-menina-mulher reveste de uma mágica sensorial o verso que se escoa pelas entranhas das veias...pulso que pulsa um rio-corrente por dentro de si.
ResponderExcluirÉ realmente muito bom percorrer este leito corrente do seu rio de palavras...
Beijos.
Genny
os rios escorrendo das janelas, na sua solidão repleta de desejos...as promessas de felicidade,
ResponderExcluire a distância, mais e mais, levando embora a lua cheia, a voz amada, as possibilidades de colo, de alimento...
querida Rita!