SALVAÇÃO
Rita Santana
Dia dado ao silêncio.
Quero o conforto das horas com as palavras eleitas.
Deslizar o meu dedo por elas,
Até encontrá-las maduras
Para o ofertório.
O horizonte ainda me espera, graças a deus.
Assinalo olhares, vejo muitas coisas vindouras,
Tenho parte com intuição,
Com caprichos da pele, das concavidades violadas.
Amarro no calcanhar homens de gesso,
E saio a voar na minha vassoura
Pelas nuvens de um desejo risonho.
As separações despontam no tumulto frio do ir,
Do livre arbítrio,
Das sensações planícies, dos arrotos públicos.
Sou uma mulher que sonha,
Logo definho, engordo, viro boi de abate.
Meu resgate é ser feliz um dia.
Corto as unhas para o meu homem ter paz,
Perco o juízo com o ciúme dessas tantas mulheres,
E depois faço a reconciliação com os versos.
Salvo-me.
Foto: Rita Santana
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