domingo, 16 de janeiro de 2011




                                                                               









                                                        Cantiga de Amigo
                                                                                 Rita Santana


Tento anagramas para esconder seu nome da minha boca,
Deito no capim para escapar de rimas óbvias,
Penso em exércitos para esquecer seu retrato aceso
Nos calabouços do desejo.
De resto, aceito a sina e rio.
Rio sério e forte porque sou mulher de ranços.

Amaldiçôo sementes de amor de mofo,
Sigo séquitos dos casórios que não tive,
Finjo-me de noiva alegre, quase grávida,
Prima de donzelas doidas, castas.

Onde amigo anda, pássaro do meu telhado?
Novas nunca sei, além da morte escapa, do filho vindo,
Da Mulher bolinando cartas, peneirando vindas.

Onde anda, amigo, linha da minha mão?
Nasce grama demais no caminho.
Onde?
Chuva cobriu horizonte.
Onde?
Amigo de moça terna sempre volta.
Onde?

Adiante o fio crescido no ido.





Foto: Rita Santana/Ilhéus

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