quinta-feira, 16 de dezembro de 2010







EIVA
                                                                                           Rita Santana




Entre nós, fez-se fundura de poço seco,
Resguardo e sortilégio de solidão escapa.
Coisa finda veio vindo entre nós,
Amanheceu romaria de mágoas guardadas;
Anos e anos, sem remendos, sequer palavras,
Foi-se afundando, sem disputas, o abandono,
Corte de seiva, surras, bravuras lavradas nas farpas do medo,
Eco de consolo extinto, vinho tinto à mesa.
Era Eiva, manchando de preto o mundo até ali,
Era Eiva, sangrando o meu corpo dele,
Tingindo a casca do amor maduro,
Arruinando de aromas o Fim.


 








 
Foto: Henrique Andrade
Modelo: Rita Santana 
Poema do livro Tratado das Veias








 



6 comentários:

  1. Ao passar, a lacuna já inexiste. O vazio é só aparente. Quem visita o vazio desfaz a lacuna. Grata pelo honroso ofício, minha querida.

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  2. amar sempre dói
    porque viver dói
    até ser feliz
    dói
    mas arruinar de aromas
    é saboroso
    vinho tinto seco
    tim-tim, poeta!

    PS: no dia 25/11 a gente foi lá na Quinta poética e cantei com minha filha, Lia. Tá no youtube. Me diz depois o que achou
    bjm Ritíssima!

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  3. A sua poesia me comove, me atinge, me tinge de cintilâncias.
    BLOG FUNDAMENTAL! Estarei sempre por aqui.
    Beijos

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  4. muito grata, Rita
    fico feliz em ser ouvida e compreendida pelos
    meus pares, poetas do mundão.
    estrelas na sua testa!
    E vida Gonzagão!

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  5. Neuza e Antônio! Duas belas presenças em minha vida. Um precisa saber do blog do outro. Grata pela troca. Antônio estou indo encontrar Gilda, ela nos espera. beijos! Rita

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