sábado, 6 de novembro de 2010

ALFORRIAS

      


        Ácaros e Culpas
        Rita Santana

        Eu descobri entre ácaros e culpas
        Que não sorrio há muitos rios e embarcações.
        O meu nome ficou entre o limo das pedras
        E você seguiu sem mim em diáspora sem par.
        Cavando velhos fósseis entre as lembranças
        Dos remorsos que carcomem a seiva dos sobreviventes.
        Deixando a herança inflada dos cansanções
        E a ira das ressacas deixadas pelos olhos de Capitu.

        Você seguiu mascando urtigas no meu velório.

        E eu, como esta máquina de datilografia,
        Estou entregue, há anos, ao desamor
        Das coisas apropriadas ao Abandono.

        O meu sol, consolo não tem!
        Nem manchas vermelhas sobre a pele,
        Nem resfriamentos no inverno da carne,
        Nem meras subjetividades de palavras vazias.

 (Do livro Alforrias, ainda inédito)

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